O nosso corpo é um sistema complexo, inteligente e autorregulável. As hormonas assumem um papel crucial no equilíbrio, por serem mensageiras químicas produzidas continuamente, no sentido de satisfazer todas as necessidades fisiológicas do organismo.

A palavra hormona, de origem grega, significa movimento ou estímulo. A sua função é exercer uma ação reguladora (indutora ou inibidora) noutros órgãos ou áreas do corpo.

Em geral, as mais de 50 hormonas identificadas, trabalham devagar e agem por muito tempo, regulando o crescimento, o desenvolvimento, a reprodução e as funções de muitos tecidos, bem como os processos metabólicos do organismo.

Como nos afetam as hormonas

Todas as células do nosso corpo são comandadas por hormonas. É fácil entender que, pequenos défices ou excessos de algumas hormonas, conduzem a grandes alterações no nosso estado de espírito, equilíbrio, todos os metabolismos, peso e sono.

Muitas vezes, as concentrações plasmáticas de algumas hormonas encontram-se em valores apenas ligeiramente alterados, remetendo-nos para situações subclínicas. Apesar de ainda se encontrarem dentro dos intervalos considerados normais, já pode haver sintomatologia relacionada.

De todas as hormonas, as que começam, mesmo ainda antes da menopausa, a afetar o nosso humor, bem-estar, peso, sono e cognição são, na grande maioria, as hormonas da tiróide e as esteróides (progesterona, DHEA, pregnenolona, estrogénios, SHBG e testosterona).

Hormonas da Tiróide

As hormonas da tiróide são responsáveis pelo metabolismo de quase todo o seu corpo. Pessoas com baixa função tiroideia estão frequentemente cansadas e são mais suscetíveis de ganhar peso, muitas vezes sentem as extremidades frias e o cabelo e as unhas também começam a enfraquecer. A tiróide está intimamente ligada às glândulas suprarrenais. É importante analisar estas alterações em conjunto.

Progesterona

A progesterona é uma das hormonas mais importantes por ter a seu cargo as funções mais protetoras no organismo; as suas concentrações começam, por vezes, a baixar muito cedo, por volta dos 30/35 anos e, por isso, será importante começar a quantificar também os níveis de zinco e vitamina D que ajudam a manter níveis saudáveis de progesterona.

Em quantidade corretas, intervém na estimulação da tiróide, faz-nos sentir tranquilos, dormir bem, melhora a performance intelectual, mantém-nos focados, equilibra o açúcar no sangue, reduz edemas, estimula o metabolismo ósseo, regula o ciclo menstrual e protege o nosso tecido mamário da atividade indesejada de proliferação do estrogénio.

A progesterona ativa o gene p53 supressor de tumores, mantém baixos níveis séricos de estrógenio e, portanto, diminui o risco de enfarte do miocárdio, além de incrementar a conversão do estradiol em estrona, um estrogénio dez vezes menos ativo. Aproximadamente 100mg de progesterona micronizada reduzem cerca de 30% os níveis de estradiol.

O que acontece na menopausa

Não sabemos ainda se envelhecemos porque as hormonas vão “caindo” ou, se produzimos menos hormonas porque vamos envelhecendo. Mas o que normalmente não nos dizem é que as hormonas começam a baixar muito antes da menopausa e os sintomas indesejados começam a aparecer sem que sejam atribuídos a uma causa hormonal. A primeira hormona a descer, normalmente, é a progesterona.

A menopausa é o momento da vida da mulher caracterizado pela cessação da menstruação e que acontece normalmente entre os 48 e 54 anos.

A mulher começa a perder progressivamente a sua função ovárica e, assim, baixa a produção de hormonas femininas: os estrogénios e a progesterona. Outras hormonas, como a testosterona, também baixam consideravelmente nesta fase.

Em circunstâncias normais, as hormonas vão baixando gradualmente e a mulher vive diferentes etapas que apresentam vários sintomas.

Apesar do sintoma mais associado à menopausa serem os afrontamentos, só 30% apresentam os “hot-flushes” ao passo que cerca de 100% apresentam:

  • Secura vaginal e atrofia das mucosas;
  • Diminuição da libido;
  • Incontinência urinária;
  • Maior flacidez da pele, do corpo e face;
  • A nível emocional: sensação de cabeça “vazia”, “perdida”, falta de concentração, falta de memória, mau sono, irritabilidade.

Os distúrbios cardiovasculares, a osteoporose e o cancro de mama são as doenças mais frequentes associadas à menopausa, muitas vezes acompanhadas por excesso de peso.

A maioria das mulheres na menopausa, e muitas vezes mesmo antes da cessação do período, estão medicadas com substâncias químicas anti-sintoma, apesar de na maioria das vezes não haver necessidade.

As alterações hormonais são responsáveis pela maioria dos sintomas depressivos e do foro emocional que aparecem logo desde a perimenopausa (fase que marca o fim da vida reprodutiva da mulher e antecede a menopausa). A regularização hormonal evitaria o uso de muitos medicamentos.

O que podemos fazer para minimizar o impacto

Para minimizar o impacto da descida hormonal e do envelhecimento temos de preparar o nosso corpo, aumentando a sua capacidade de defesa. Para isso, é determinante melhorar a forma como vivemos.

A mudança deve ser entendida como um todo e é determinante no processo de envelhecimento.

A alteração do nosso modo de vida deverá:

  • Corrigir a alimentação, retirando os alimentos incompatíveis com o seu corpo e que, portanto, provocam inflamação;
  • Reduzir níveis inflamatórios identificando e corrigindo  os maiores desequilíbrios – oxidação, intoxicação, intestino, acidez metabólica, emocional, défice em gordura (as hormonas são sintetizadas a partir de gordura) ou alterações no metabolismo do açúcar;
  • Corrigir os outros trigger points como exposição a tóxicos (xenoestrógenios, pesticida, químicos, metais pesados, medicamentos e tantos outros), radiações e campos eletromagnéticos, agentes patogénicos (vírus, bactérias, parasitas);
  • Praticar exercício físico de forma regular, controlar os níveis de stress, a quantidade e qualidade do sono, ter uma atitude positiva, entender que é necessário resolver conflitos e bloqueios emocionais;
  • Determinar os polimorfismos (alterações genéticas) de forma a poder controlar a expressão dos genes através da introdução dos alimentos e suplementos corretos;
  • Suplementar com produtos naturais que ajudam a melhorar os níveis de progesterona e a promover o equilíbrio hormonal, podendo optar por alguns suplementos naturais como:
    • Vites Agnus-Castus (Sauzgatillo)
    • Cimicifuga Racemosa (Cohsh Negro)
    • Trébol Rojo (Trifolium pratense)
    • Dong Quai (Angelica Sinensis)
    • Inhame selvagem mexicano (esta raiz tem uma alta concentração de diosgenina que aumenta os níveis de progesterona no corpo, e compensa a relação entre estrogénios/progesterona – muitos transtornos da mulher são ocasionados por uma dominância estrogénica).
  • Modulação hormonal – aplicação dérmica de hormonas bioidênticas, moléculas com estrutura idênticas às nossas hormonas, muito diferentes das hormonas utilizadas na terapia de substituição hormonal.

Dra. Alexandra Vasconcelos
Farmacêutica e Naturopata
Especialista em Medicina Natural Integrativa
Pós graduada em Nutrição Oncológica, Nutrição Ortomolecular e Medicina Integrativa e Humanista
Autora do Livro “ O segredo para se manter Jovem e saudável”
Diretora técnica das Clínicas Viver