Para entendermos melhor o envelhecimento importa saber porque envelhecemos.
Todos tentamos encontrar o elixir da juventude para podermos viver cada vez mais e melhor.
O processo de envelhecimento é um processo complexo que resulta de uma serie de alterações a vários níveis. Para prevenir o envelhecimento será que chega comer bem, fazer exercício físico e suplementar – se?
Sempre nos fizeram crer que se comermos bem, fizermos exercício e se tomarmos vitaminas vivemos mais e melhor. Será que é mesmo assim?
Hoje sabemos que podemos fazer muito mais e assumir uma atitude verdadeiramente ativa contra o envelhecimento acelerado, mas essencialmente contra o envelhecimento que nos torna doentes e incapazes.
A alimentação, a atitude e forma como vivemos, a exposição a substâncias toxicas, radiações, a carga de microrganismos lactentes são factores que precipitam a expressão dos nossos genes e o envelhecimento não saudável.
Para que o processo de envelhecimento decorra de forma saudável, o nosso corpo tem de estar equilibrado. Quando tal não acontece, quando surgem desequilíbrios, especialmente ao nível da base (do terreno), leva a uma inflamação, relacionada com alterações imunitárias, que deve ser combatida uma vez que as doenças surgem em terrenos inflamados. A inflamação conduz a alterações da resposta do sistema imunitário. Um sistema imunitário inteligente é essencial para a nossa saúde e bem-estar.
Existem factores intrínsecos e extrínsecos a nós próprios que disturbam o nosso EU.
Os nossos genes podem manifestar-se de forma diferente de acordo com determinados fatores externos, tais como a alimentação e a forma como vivemos. Podemos tentar modificar alguns dos fatores que contribuem para o controlo da expressão dos genes. Uma atitude positiva no nosso dia-a-dia permitirá efetuar mudanças com um maior sucesso. O modo de vida, a forma como vivemos e o local onde vivemos influenciam a nossa saúde. Devemos reduzir/eliminar toda a exposição a tóxicos (como por exemplo, substancias toxicas, pesticidas, metais pesados, radiações, etc.).
A alimentação e o controlo dos défices micronutricionais através de uma suplementação adequada e personalizada, tem um papel determinante na nossa saúde, sendo que a alteração dos hábitos alimentares conduz a um menor risco de doença.
Porque envelhecemos?
Diminuição do tamanho dos telómeros
Os telómeros são complexos proteicos e ácidos nucleicos, localizados nas extremidades dos cromossomas, para os proteger e dar-lhes estabilidade estrutural.
Quando as células se dividem, começam por duplicar o ADN, incluindo os telómeros. No entanto, a cópia do telómero é parcial e não completa, o que significa que esta estrutura proteica diminui o seu tamanho a cada divisão celular. Quando estes atingem uma determinada medida, a célula fica incapaz de se reproduzir (limite de Hayflick) e, então, origina erros que conduzem à sua própria morte, apoptose ou morte celular programada.
Nas células embrionárias é expressa uma enzima – a telomerase – capaz de reconstruir o telómero e permitir que a célula se divida. Cientistas defendem que ao administrarmos esta enzima, as células podem viver durante mais tempo, sendo por isso alvo de estudo em investigações dedicadas ao desenvolvimento de terapias anti envelhecimento.
A clonagem da ovelha Dolly foi um dos primeiros estudos a demonstrar a relação entre o encurtamento dos telómeros e o envelhecimento precoce. As células utilizadas para a clonagem foram obtidas a partir da glândula mamária de uma ovelha adulta, o que significa que os telómeros dessas células eram menores. Após 6 anos de vida, a ovelha Dolly morreu devido a doença crónica e degenerativa nos pulmões.
Teoria dos radicais Livres
Alguns fatores como o stresse, a exposição a radiações, o tabaco, o álcool, poluição ambiental levam à produção de radicais livres – moléculas altamente reativas – que quando em excesso provocam stresse oxidativo, levando ao aparecimento de doenças e envelhecimento precoce por ligação a estruturas celulares.
De modo a diminuir o stresse oxidativo provocado pelos radicais livres podem ser utilizados antioxidantes, tais como Vitamina C, E, Zinco, Selénio, Resveratrol, que apresentam a capacidade de neutralizar os radicais livres.
Cientistas identificaram um novo marcador biológico para o envelhecimento, presente na urina. A concentração de 8-oxo-7,8-dihidroguanosina – ou 8-oxoGsn, resultante da oxidação do RNA, aumenta ao modo que envelhecemos, como consequência do aumento do stress oxidativo nas células.
Idade biológica versus Idade cronológica.
Frequentemente se ouve dizer: ‘’Não aparenta a idade que tem, parece mais novo!’’. Esta frase remete-nos para dois conceitos. A idade cronológica (baseada na data de nascimento) e a idade biológica (baseada no estado de saúde do seu organismo). Existem pessoas em que a idade biológica é menor que a cronológica, outras pelo contrário. Qual será o segredo?
Desde sempre o homem procura descobrir o segredo para envelhecer jovem e saudável. Vários estudos analisaram o modo como determinados fatores externos ao homem, entre os quais a nutrição e a forma como vivemos podem controlar a expressão genética e nada tem a ver com alterações na sequência dos genes ou doenças genéticas. Está nas nossas mãos. Nunca é tarde para começar!
Será que como podemos interferir e inverter este processo?
Desde sempre o homem busca o elixir da juventude e a forma miraculosa de se manter jovem. Para além da correção dos terrenos metabólicos existem algumas substâncias que podem atuar diretamente no envelhecimento.
As substâncias milagrosas
Astragalus membranaceus é uma erva usada em muitas formulações à base de plantas na prática de medicina tradicional chinesa (MTC), há mais de 2000 anos, que possui efeitos antioxidantes, imunoreguladores, anticancerígenos, anti-inflamatórios e diuréticos. Pesquisas farmacológicas indicam que uma molécula extraída da raiz do Astragalus membranaceus, denominada TA-65, é capaz de aumentar a atividade da telomerase, levando a um aumento do comprimento dos telómeros. Deve ser administrado cerca de 300 mg diariamente, em junção com a Vitamina D3 e Vitamina B9 (presentes em legumes de folha verde e frutos secos), uma vez que foi demonstrado que níveis elevados estavam associados a um aumento do comprimento dos telómeros, diminuindo o envelhecimento.
Senolíticos
Uma classe diversificada de moléculas, incluindo compostos senolíticos sintéticos e compostos naturais presentes em alimentos, foi sugerida como possuindo atividade senolítica, isto é, com alvo em células senescentes (células que não se dividem e que secretam substâncias pró-inflamatórias e pró-oxidantes). Destacam-se os tocotrienóis, a quercetina e a piperlongumina (substância presente na Pimenta-longa (Piper longum) como compostos naturais ricos em polifenóis e Dasatinib, Navitoclax, inibidores da HSP90 como compostos sintéticos. A acumulação de células senescentes, aumenta com a idade e promove a inflamação que caracteriza o envelhecimento, prejudicando a capacidade regenerativa das células e aumentando o risco de desenvolver doenças.
Exemplos a seguir – Estudar os povos com maior longevidade.
Hunza – na fronteira da Índia com o Paquistão, os habitantes de Hunza vivem, em média até aos 120 anos. As mulheres ainda procriam aos 65 anos, tomam banhos em água gelada, fazem exercício físico até aos 100 anos, comem muito pouco, cerca de 1500 calorias. Bebem água pura de nascente – ionizada, purificada, alcalina, ionizada, antioxidante e com maior poder de hidratação.
Salerno (Itália) – os habitantes desta aldeia, perto de Salerno vivem em média 100 anos, têm uma dieta mediterrânea, muita atividade física, ingerem poucas calorias.
Rumsa – povoação a norte da India, zona com abundante água pura e das mais famosas. A alimentação e modo de vida deste povo são adaptados à sua genética.
Alexandra Vasconcelos
Farmacêutica e Naturopata
Especialista em Medicina Natural Integrativa
Pós graduada em Nutrição Oncológica, Nutrição Ortomolecular e Medicina Integrativa e Humanista
Autora do Livro “ O segredo para se manter Jovem e saudável”
Diretora técnica das Clinicas Viver