Meditação: Saúde e Bem-estar mental e físico a longo prazo

Meditação: aprender a viver no Agora

Tenho percebido ao longo de toda a minha vida e muito em especial junto das pessoas a quem ensino a prática da meditação e do relaxamento que a vida parece andar demasiadamente descentrada daquele que é o seu real propósito. A nossa mente vive quase constantemente balançada entre as deceções do passado, a sensação do que ficou por fazer ou do que foi indevidamente feito (e remorsos do mesmo) e a ânsia por um amanhã certamente acompanhado por inúmeras incertezas e dúvidas. Esquecemo-nos de viver o agora e o momento presente de tão atordoados que estamos em viver fora dele, julgando nós que com isso encontraremos respostas ou soluções para esse desconforto. Desconectamo-nos do nosso eu interior, desconhecemos o eu superior e perdemos a consciência do Divino. Apegamo-nos a realidades fictícias, a situações que nunca existiriam e a cenários improváveis. Deixamo-nos envolver pelos “ruídos” dos outros que dizem saber quem somos e como devemos tratar os nossos obstáculos. Perdemos o poder de nos escutar e de nos sentir.

A meditação surge precisamente com o objetivo de retornarmos ao silêncio interior sublime e tranquilo e de reconquistar a clareza mental que outrora tivemos. Através da meditação, renunciamos ao mundo exterior (pelo modo materialista e consumista com que se apresenta) e temos como foco o alcançar da paz e harmonia interiores (antes perdida entre mil e um pensamentos, angústias e preocupações), bem como poderemos voltar a encontrar o caminho para uma mente pura e poderosa (que não se deixa “abater” por situações ilusórias).

Renunciamos ao mundo aprisionado pelos sentimentos de posse, de apego e de uma mente que tendencialmente se julga melhor quando acumula bens materiais e se agarra a eles como se tratasse de bagagens pesadas repletas de expectativas, responsabilidades.

Meditar é largar todas estas amarras e soltar âncoras… é aprender o desapego, o abandono, a renúncia….é voltar a ser livre respeitando toda a sua essência.
Não digo que este caminho seja fácil e imediato. Exige calma, serenidade, apaziguamento e paciência, mas esteja sempre consciente que está perante a construção dos novos alicerces que criarão uma nova fundação de si mesmo. Não tenha pressa. Aceite o seu tempo interior. Nunca é tarde para se livrar dos fardos do passado e ser feliz no momento presente.

Ofereça-se tempo para usufruir do poder do silêncio. Cale o constante diálogo e consequente agitação que vive em nós. Permita-se parar. Apenas parar. Sem pensar no que se segue, para onde vai, os emails que tem para ler ou até a lista do supermercado. Pare.

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Sabemos que não será fácil ao início mas quando conseguir apenas fazer silêncio, abandonar os seus pensamentos e permanecer atento ao momento que vive irá sentir uma enorme paz e equilíbrio. Aí, sem menos esperar, virão as respostas a muitas das suas questões. Reconectou-se. Ligou-se ao seu verdadeiro Eu, detentor de toda a verdade e de todo o saber mais profundo. A sua mente buscará, naturalmente e a partir desse momento, o silêncio. As amarras que acorrentavam a sua mente – remorsos do passado e incertezas quanto ao futuro- dão lugar ao diálogo interior.

Mas como poderemos então começar a meditar?

Muitas são as técnicas possíveis para se iniciar nesta prática (que começa no ato da respiração mas depois se estende a uma modo de estar na vida). Existem métodos centrados na focalização da atenção (como por exemplo nas meditações guiadas ou na visualização criativa) ou técnicas baseadas no cultivo da “ mente vazia” (em que o silêncio é o único suporte do mesma). Escolha o horário que mais se adeque às suas rotinas diárias (pela minha prática pessoal, aconselho que coloque o despertador o mais cedo possível para garantir que não será interrompida). Preferencialmente adote uma posição sentada, com as mãos apoiadas sobre as pernas, o corpo permanece calmo e relaxado.

Toda a nossa concentração e foco estará agora na respiração, na repetição de algum mantra (palavras sagradas) ou nas palavras de quem eventualmente possa orientar a meditação. No início, para que seja mais fácil, aconselho-o a manter o foco na respiração, sentindo a entrada do ar pelas narinas, descendo para os pulmões e abdómen até á dança ondulante das suas costelas com a inspiração e expiração. Sempre que sinta dispersão, volte á sua respiração de modo consciente, inteiro, sem julgamentos nem tentativa de controlo.

Namasté!