Sabemos que mãos de 90% das doenças autoimunes têm por base um compromisso intestinal, doença cronica intestinal, disbiose e/ou alteração da permeabilidade intestinal.

A artrite reumatoide, espondilite anquilosante, fibromialgia e outras doenças autoimunes infamatórias estão diretamente relacionadas com a saúde do intestino.

As bactérias gram-negativas, vírus (ex. citomegalovirus e Epstein barr vírus ou metais tóxicos quando ligados a proteínas) podem constituir haptenos, contra os quais são produzidos anticorpos. Um destes gatilhos é o lipopolissacarídeos bacterianos da bactérias Gram-negativa.

Os lipopolissacarídeos (LPS), também conhecidos como endotoxinas, são um fosfolipídeo que forma a parede bacteriana externa das bactérias gram-negativa.

As bactérias Gram-negativas possuem na sua parede externa moléculas de LPS, constituída por um lipídeo, um grupo de oligossacarídeos e uma cadeia de polissacarídeos que funciona como um antígeno específico da bactéria. Um grupo de receptores celulares de membrana conhecidos como Toll-like receptors (TLRs) exercem a função de reconhecimentos dessas estruturas patogénicas.

Os efeitos são mediados principalmente pelo NFKB, um fator de transcrição, que se mantém inativo no citoplasma e que migra para o núcleo após a interação do LPS com os seus receptores, promovendo a transcrição de diversos genes relacionados com a resposta inflamatória aguda, como citoquinas pró-inflamatória, principalmente Interleucina 1(IL-1) e Fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa).

Muitas células possuem estes receptores TLRs. A sua grande afinidade com os  LPS, facilita que as bactérias Gram negativas possam estimular estes receptores existentes em numerosas células como monócitos, neutrófilos, adipócitos e células endoteliais. Esta é a razão pela qual estas bactérias podem estimular processos inflamatórios, como vasculites, artrites e outros.

Lps são assim componente de bactérias Gram negativas que existem especialmente no nosso sistema digestivo. Estes resíduos ficam no nosso intestino após as bactérias benéficas do microbiota intestinal “ destruírem” as Gram negativas.

Em consequência o sistema imunitário intestinal produz anticorpos contra estes fragmentos. Estes anticorpos podem “atacar” outras moléculas constituintes de órgãos estruturalmente homólogas. Além disso, quando as LPS entram em circulação, facilitado pela alteração da permeabilidade intestinal, podem depositar –se no cérebro, articulações ou qualquer outro órgão.

Saneamento intestinal, dieta isenta de glúten e lácteos, correção da disbiose e permeabilidade intestinal são os primeiros passos no sentido de minimizar e controlar a doença autoimune.

Comer uma maçã por dia é também uma boa estratégia, uma vez que a pectina da maçã aumenta a produção da fosfatase alcalina intestinal que antagoniza as LPS não as deixando penetrar na corrente sanguínea.

 

Bibliografia

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“Como tratar doenças autoimunes” Tom O´Bryan