Um estudo publicado a 3 de Dezembro deste ano, pelo British Dental Journal, explora a correlação entre a Obesidade e Doença Periodontal, que demonstram ter uma ligação que vai além de causa-efeito, centrando-se no que ambas têm em comum: Inflamação.
A doença periodontal constitui um grupo de alterações que causam inflamação e destruição dos tecidos responsáveis pela manutenção dos dentes na cavidade oral (gengiva, ligamento periodontal, cemento radicular e osso alveolar). A periodontite é uma doença caracterizada pela presença de inflamação gengival, associada à destruição do ligamento periodontal e do osso alveolar.
Pela averiguação de vários estudos existentes realizados em vários setores populacionais diferentes, os pesquisadores concluíram que os casos com elevado índice de massa corporal, elevado perímetro abdominal e elevada percentagem de massa gorda, estão associados a um maior risco de doença periodontal, e que por tal, mudanças na química corporal afectam o metabolismo, que por sua vez causa inflamação.
A obesidade visceral aumenta a ativação do plasminogénio-1, que diminui o fluxo sanguíneo nos tecidos periodontais, alterando a resposta inflamatória, consistindo um risco para o desenvolvimento de periodontite. Estudos demonstram que a secreção de citocinas pró-inflamatórias é proporcional à circunferência abdominal do paciente, o que o pode tornar suscetível a alterações inflamatórias crónicas, como a periodontite, na presença de um biofilme bacteriano específico.
Esta possibilidade de associação biológica entre a doença periodontal e a obesidade é fundamentada na capacidade da obesidade influenciar tanto a resposta do hospedeiro quanto uma possível relação microbiológica, pela disfunção imunológica e desregulação da resposta inflamatória causadas.
A Doença Periodontal ocorre em pacientes mais suscetíveis a inflamação, que por sua vez são mais suscetíveis a obesidade, afirma o Prof. Dr. Andres Pinto, da área de cirurgia maxilo-facial, na University School of Dental Medicine.
“Os profissionais de saúde precisam de estar cientes desta situação, de forma a aconselhar os seus pacientes sobre a importância de manter um peso corporal equilibrado e uma boa higiene oral”.
Do ponto de vista clínico, fica a ideia de que se um destes parâmetros for tratado e melhorar, pode ter um impacto positivo no outro, e esta ideia será objecto futuro de mais estudos na área.