No dia que celebramos o dia Mundial da Saúde Oral procuramos refletir sobre o impacto que os nossos hábitos e rotinas podem ter na nossa saúde.

70% dos portugueses têm falta de dentes e cerca de 30% nunca visitaram o dentista ou só recorreram apenas em casos de urgência. Mais preocupante ainda, 63% das crianças menores de 6 anos nunca foram a uma consulta.
Apesar de já termos assistido a algumas melhorias, esta é ainda a nossa realidade. Há que mudar!

De que forma podemos viver com saúde se não tivermos dentes para mastigar os alimentos? Se existirem focos de infeção na nossa boca, muitas vezes silenciosos, que poderão constituir um importante factor de risco para a nossa saúde geral?

A prevenção com vigilância regular utilizando sempre uma visão abrangente e holística que equacione os vários factores que para aquela pessoa em específico poderão estar a colocar em risco a saúde oral é a melhor forma de conseguirmos mudar esta realidade. Escovar os dentes e utilizar fio dentários não chega.

Hoje, falo-vos da cárie dentária e como a partir da alimentação podemos mudar a nossa epigenética revertendo a tendência natural que podemos ter para o aparecimento de cáries. Alterando o nosso “meio oral” conseguimos fazer com que as bactérias mais cariogénicas não “gostem de lá viver”

A cárie dentária, uma das doenças mais frequentes que afeta cerca de 90% da população mundial, é provocada por bactérias que podem levar à destruição parcial ou total da estrutura dentária.

A evolução desta doença está condicionada por diferentes etiologias, tais como: a presença de bactérias, alimentação inadequada, má higiene e pH salivar.

Uma alimentação rica em hidratos de carbono é um dos principais fatores para a ocorrência de cáries. Alimentos ricos em hidratos de carbono quando ingeridos, permitem às bactérias existentes na cavidade oral metabolizarem-nos e provocarem um ambiente ácido. Este ambiente ácido faz com que haja uma desmineralização acentuada do esmalte dentário, processo inicial da lesão de cárie dentária.

Atualmente a alimentação mais comum da população mundial é rica em gorduras, principalmente de origem animal, açucares e alimentos refinados. Estes são economicamente mais acessíveis e de fácil acesso, levando um aumento progressivo de desnutrição e aumento da obesidade.

Estes hábitos alimentares por si só são um fator de risco, mas a frequência de ingestão destes alimentos determina de forma exponencial a prevalência de cárie dentária.

Uma alimentação equilibrada é claramente uma vantagem para a saúde oral.
Para prevenir as lesões de cárie, é necessário incluir na dieta proteínas, verduras, legumes, pois estes ajudam a remineralização do esmalte. Alimentos como a maçã, laranja, pera, cenoura ajudam a limpar mecanicamente os dentes, prevenindo as lesões de cárie por remoção da placa bacteriana, são assim alimentos anti cariogénicos.

Para concluir, a educação nutricional é essencial para a saúde geral e oral. O futuro da saúde oral, passa pela prevenção.

Alimentar-se bem, é prevenir-se corretamente.

Dra. Inês Carpinteiro
Médica Dentista