O que é terapia neural?

A terapia neural (TN) trata o indivíduo através da função integradora e reguladora do sistema nervoso vegetativo ou autonomo.

O corpo e a mente são inseparáveis ​​no ser humano, e o sistema nervoso é uma das formas pela qual as emoções são expressas no corpo. Todos os órgãos e tecidos do organismo possuem fibras nervosas que permitem regular as suas funções e, ao mesmo tempo, todas estas fibras nervosas estão interligadas, formando uma rede. Esta rede nervosa que interrelaciona as áreas do corpo é plástica, mudando-se e adaptando-se a diferentes estímulos e necessidades.

Qualquer fenómeno que deixe uma irritação numa fibra nervosa pode romper a sua função reguladora e causar transtornos nos tecidos da sua área de influência, alterando-os. Uma alteração numa fibra nervosa, pode influenciar toda a rede e iniciarem-se manifestações, refletidas e sentidas noutras áreas do corpo, especialmente naquelas que já têm uma predisposição a condições genéticas, por exemplo.

Como age?

A TN tenta neutralizar essas irritações do tecido nervoso para que este, e a rede a que pertence, redescubra o equilíbrio, e o organismo recupere os seus mecanismos de autocura.

Na relação com o paciente, são colocadas questões acerca da sua história de vida, para chegar a informação detalhada que sugira ao profissional de saúde, que experiências estiveram na origem de perturbações do sistema nervoso, e assim chegar a pontos específicos. As cicatrizes de feridas ou intervenções, as infeções sofridas, as afeções dentárias e os choques emocionais são exemplos de fenómenos vividos que podem deixar uma irritação na rede nervosa.

O anestésico local (AL), geralmente procaína, é a única substância utilizada nesta terapia, embora, no nosso caso, o objetivo não seja anestésico, mas sim diagnóstico e terapêutico. Pesquisas e experiências demonstraram que a aplicação de AL em baixas concentrações (diluídas em soro fisiológico), pode neutralizar o foco irritante do tecido nervoso, repolarizando seu potencial elétrico e estabilizando sua membrana.

Assim, a injeção de AL nos pontos irritados do sistema nervoso, pode permitir a recuperação de sua função e assim facilitar o equilíbrio do ser, nas suas dimensões física, mental e psíquica.

A diminuição ou desaparecimento de uma dor após injetar o AL na área dolorosa pode sugerir que seu efeito é anestésico, mas essa explicação é descartada quando a melhora dura dias, semanas, meses ou anos, pois sabemos que a procaína é metabolizada no sangue em poucos minutos. Além disso, muitas vezes, na TN, não injetamos em áreas de dor, mas sim em tecidos onde a história de vida da pessoa sugere que pode haver irritação das fibras nervosas.

Desta forma, podemos ver como a injeção de AL em uma cicatriz de apendicectomia pode melhorar ou fazer desaparecer uma dor lombar; como uma vertigem pode diminuir depois de injetar AL na área das tonsilas, alguém que sofre de amigdalite recorrente. Esses fenómenos que podem ocorrer durante o tratamento com TN se devem ao efeito neural terapêutico, ou seja, à reorganização do sistema nervoso, e não ao efeito anestésico.

Quais são os principais motivos da consulta?

Os motivos para a consulta podem ser muito variados, pois muitas condições podem ser melhoradas para facilitar a função do próprio sistema nervoso, de diferentes tipos de dor (tanto osteo-muscular quanto visceral), tendência a repetição de processos infecciosos ou inflamatórios, alergias, somatizações emocionais, como ansiedade, stress, etc.

Este método terapêutico é complementar ao seu tratamento com o médico assistente, bem como visitas e controlo por outros médicos e especialistas a quem recorra habitualmente e, em nenhum caso, deve substituí-los.